22 de nov. de 2009

São mais de oito e meia da noite
e o céu ainda está claro,
nada mais me resta que chorar a alma de mais um irmão que sobe ao céus,
porque a desgraça da more não poupa nem os miseráveis,
as escuras nuvens da chuva que caiu á tarde fazem um lindo contraste com o sol que desce
com seus raios vermelhos colorindo a parede branca ao meu lado,
se ao menos um pássaro passasse cantando
eu poderia sorrir,
mas tudo parece parado, morto,
o único som audível é o da sirene que avisa ao quatro cantos que mais alguém morreu,
á essas horas fazem fila no céu,
esperando adentrar o paraíso,
só eu estou sentado aqui, sozinho,
admirando a vista que tenho por detrás destes paredões de concreto,
para que construíram isto aliás?
Não se contentavam em morar nas velhas choupanas
que se encharcavam e caiam quando a chuva vinha,
organização funesta,
que só serve para limitar nossas vidas,
limitar nossas almas,
agora todos correm apressados
de um lado para o outro,
tentando chegar na frente do outro,
só eu paro, observo, e me calo estupefado diante de tamanha rivalidade,
acham que evoluíram... tolos,
agora não passam de vermes rastejantes que habitavam nosso planeta nos primórdios dos tempos,
ainda piores, pois tem a capacidade de pensar mal utilizada,
voltada para o mal.
Eu canso de tanto lembrar de meu tempo de menino,
de como tudo era diferente,
minhas costas doem,
o céu já escureceu e nem notei
mesmo com a cabeça voltada para cima á mais de uma hora,
tenho de entrar antes que gritem pelo meu nome,
mania de preguiçosos...
gritar ao invés de vir aqui me chamar,
lembro quanto eu temia meus avós,
mesmo tão amáveis comigo,
tantos anos de trabalho para acabar assim,
um velho trapo sonhador e desrespeitado,
a umidade da noite me formiga os pés,
levanto agora ou morrerei aqui sozinho e triste,
talvez ninguém chore por mim.

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