29 de abr. de 2010

Faroeste Cabloco de Legião Urbana

João chegando em Brasília vê as luzes de Natal e fica deslumbrado:
- Meu Deus, mas que cidade linda que é Brasília! E no Ano Novo eu já começo a trabalhar como aprendiz de carpinteiro!
João está cortando madeira, passa a mão pela testa tirando o suor, certa hora larga o que está fazendo e vai pra uma festa (canto direito), aparece Pablo que se apresenta:
- Pois meu nome é Pablo, sou peruano, moro na Bolívia e trago muitas coisas de lá. Estou começando um negócio, e bem que tu podias me ajudar.
- É, eu trabalho duro e mal consigo me alimentar, e esse governo que só promete e não faz nada. Pode contar comigo! – apertam as mãos.
- Então vamos começar a plantação!
Plantam... Chegam os “malucos da cidade”, fumam e falam com João:
- Cara, o negócio é roubar!
João anda junto com eles, tenta roubar algo de alguém, chega a polícia, todo mundo tenta fugir, a polícia prende João (bota pra fora da sala), João diz:
- Vocês vão ver, eu vou pegar vocês!
João sai da prisão cheio de ódio, as pessoas se agastam dele.
Passa Maria Lúcia, ele se encanta, se ajoelha e se declara:
- Maria Lúcia, meu coração é teu, quero casar contigo, vou voltar a ser carpinteiro. Maria Lúcia, pra sempre eu vou te amar, um filho teu eu quero ter!
Ele começa a trabalhar de carpinteiro, ela sai. Vem um senhor de alta classe e diz:
- João, tenho uma proposta pra ti, muito dinheiro tu vai ganhar!
- Não boto bomba em banca de jornal, nem em colégio de criança isso eu não faço não! E não protejo general de dez estrelas, que fica atrás da mesa com o cú na mão! E é melhor senhor sair da minha casa. Nunca brinque com um peixes de ascendente escorpião!
Mas antes de sair, com ódio no olhar, o velho diz: - Você perdeu sua vida, meu irmão.
João abaixa a cabeça, põe a mão no coração e diz:
- Você perdeu a sua vida meu irmão... eu vou sofrer as conseqüências como um cão.
Sai do trabalho (vai pro canto direito) e começa a se embebedar, chega a Pablo e diz:
- João, tem outro trabalhando em seu lugar.
João fica mais brabo ainda:
- Estou precisando de um parceiro, tenho dinheiro e quero me armar!
- Eu trago o contrabando da Bolívia e você revende em Planaltina, daí te trago a arma.
Aparece Jeremias (do lado esquerdo), olha para João e diz:
- Então é este o tal João de Santo Cristo? Com este cara eu vou acabar!
Jeremias sai (os outros dois ouviram o que ele disse). Pablo sai e volta com uma arma.
- Está aqui, uma Winchester 22.
- Eu sei atirar, mas só vou usar a arma depois que ele começar a brigar... Estou com saudades de Maria Lúcia eu vou me embora, já está em tempo de a gente se casar.
Vai pra casa (canto esquerdo), chora, aparece a polícia e prende ele.
Jeremias e Maria Lúcia estão juntos, João volta, vê os dois e fica com ódio, chama Jeremias
E diz:
- Amanhã às duas horas na Ceilândia, em frente ao lote 14, é pra lá que eu vou. E você pode escolher as suas armas que eu acabo mesmo com você, seu porco traidor. E mato também Maria Lúcia, essa menina falsa pra quem jurei o meu amor.
Maria Lúcia fica triste e abaixa a cabeça.
João fica andando de um lado para o outro (no canto direito).
- E no dia e hora marcados...
Chega Jeremias, Maria Lúcia e João (no meio). João olha em volta se virando e quando está de costas Jeremias atira. João se ajoelha e sente o sangue saindo da boca, diz:
- Se a via-crucius virou circo, estou aqui.
Vira-se e sente sol nos olhos, reconhece Maria Lúcia, ela se aproxima e lê entrega a Winchester 22. Jeremias fica atordoado e se vira para ir embora. João fala:
- Jeremias, eu sou homem, coisa que você não é, e não atiro pelas costas não, olha pra cá filha-da-puta, sem-vergonha, dá uma olhada no meu sangue e vem sentir o teu perdão.
Jeremias se vira, João da cinco tiros nele, Jeremias também atira e acerta Maria Lúcia que cai morta ao lado de João.

Final de O Primo Basílio de Eça de Queiróz

(Juliana xingado Luísa)
Juliana: E a senhora agora é andar-me direita, senão eu lhas cantarei!
(Luísa chorando, Sebastião chega para visitar Luísa (din don) Juliana atende)
Juliana: Sim?
Sebastião: A Sra.D.Luísa está?
Juliana: na sala (rabugenta sai)
Sebastião entrando e vendo Luísa naquele estado (espantado): Mas o que se passa?
Luísa desesperada: Sebastião, escrevi uma carta a um homem, a Juliana apanhou-ma. Estou perdida!
Sebastião (confuso e assustado): Que é? Que é?
Luísa: Escrevi a meu primo, a mulher apanhou-me a carta... uma vergonha!
Sebastião (corajoso, enchendo o peito): Não se aflinja! Tudo o que puder, tudo o que for necessário, aqui me tem!
Luísa (aliviada): Oh Sebastião!
Sebastião: É necessário tirar-lhes as cartas. Eu vou me entender com ela... É necessário que ela esteja só em casa... (plim, tem uma idéia) Podiam ir ao teatro esta noite!
Luísa (se alegra): Sim, ao teatro!
Sebastião (convicto): Vais-te arrumar, manda em recado a Jorge que vá direto ao teatro e lá te encontre. Que com a bêbada me entendo!
(Luísa sai apressada e feliz. Sebastião fica. Juliana entra)
Sebastião (brabo): Dê cá as cartas que roubou á senhora!
(Juliana se esquiva assustada e põe a mão no peito onde estão as cartas)
Sebastião: Dê as cartas, ou pra enxovia! Pra cadeia!
Juliana (assustada): Mas o que eu fiz?
Sebastião: Roubou as cartas!
(Juliana entrega as cartas tremendo e xingando de tudo que é coisa a Luísa)
Sebastião: Cale-se!
(Juliana cai estatelada no chão morta. Sebastião chama Julião por um moleque de recados)
Sebastião: Oh Julião, veja cá o que se sucede: passava por aqui, vi as luzes ligadas e pensei em fazer uma visita, quando entrei á vi estendida assim no chão.
Julião (olhando Juliana): Foi o aneurisma que rebentou.
(Jorge e Luísa chegam, se espantam)
Jorge: Juliana morreu?
Julião: Sim, que descanse em paz...
(Sebastião e Julião levam o corpo)
Luísa: Sinto-me tonta, preciso me deitar.
Jorge (põe a mão na testa dela e se assusta): Está ardendo em febre, vais-te deitar!
(Luísa deita. Jorge chama Julião e Sebastião)
Julião (examinando Luísa, brincalhão): É uma frebrezita nervosa. Quer sossego, não vale nada. Foi o medozinho hein?
(chega o carteiro e entrega uma carta ao Jorge)
Jorge (examinando a carta): É para a Luísa... vem da França... de quem será?
(abre, lê e se espanta, arregala os olhos)
Jorge para Sebastião: Lê isto.
(Sebastião lê tremendo)
Jorge (alterado): Sebastião, isto pra mim é morte. Sebastião, tu sabes alguma coisa. Tu vinhas aqui. Tu sabes. Dize-me a verdade!
Sebastião (recuando): Que te hei de dizer? Não sei nada!
Jorge: Me diz-me ao menos o que fazia ela enquanto eu estava fora! Saía? Vinha aqui alguém?
Sebastião (devagar olhando pra longe):Vinha o primo ás vezes, ao princípio. Quando D.Felicidade esteve doente, ela ia vê-la... O primo depois partiu... Não sei mais nada.
(Jorge vai falar com Luísa)
Jorge (mais calmo, agora triste): Como estás?
Luísa (gemendo): Mal, me sino muito mal, me dói a cabeça...
(Jorge começa a chorar)
Luísa: Que é isto? Que tens?
(Jorge entrega a carta de Basílio á ela)
Luísa (apavorada): O que é?
(Luísa lê, suspira e morre)
Jorge (apavorado): Luísa! Ouve, fala!
(Julião chega e afasta Jorge)
Julião: Está morta!
Jorge (sofrendo): Não! Não! Que eu fiz?
Sebastião: Vamos para minha casa.
(Julião, Jorge e Sebastião levam o corpo de Luísa)
-Pouco tempo depois.
(Basílio chega, bate e ninguém atende. Julião passa e Basíio o intercepta)
Basílio: Os senhores que ali moram, estão para fora?
Julião (triste): Já não moram. Osenhor não sabe?
Basílio: Não. O que homem de Deus?
Julião: Pois sinto dizer-lhe. A senhora morreu.
(Julião passa e Basílio abaixa a cabeça, mas logo depois levanta com cara de desdém)
Basílio: Que ferro! Podia ter trazido a Alphonsine!

15 de abr. de 2010

era um dia de chuva, frio, ventava..
eu não via muito bem..
estava com a cabeça baixa..
os dentes batendo..
e o barulho metálico do aparelho..
o barulho da chuva caindo..
os carros passavam ao meu lado..
e o que eu mais queria era que um derrapasse..
e me acertasse em cheio..
sangue e chuva..
quando pensava ria..
podia a sentir o cheiro..
da chuva, do sangue..
do meu sangue..
estava só, o caminho era longo..
na verdade, nem sabia para onde ir..
á poucos metros o rio..
não tinha coragem para nada..
só continuava andando..
em frente, avante..
ninguém iria parecer, eu sabia..
ninguém sabia que eu estava ali, difícil terem esta ideia..
afinal de contas..
sempre fui tão responsável..
porquê faria uma coisa daquelas?
eu me perguntava..
porquê estava ali?
porquê sair daquele jeito?
eu sabia que aquela rua ia ter um fim..
teria de ir entrar em um lugar seco antes que morresse de frio..
mas afinal? eu não queria morrer?
não era por isso que estava ali?
nem eu sabia..
só sabia que estava ali..
só sabia que estava andando..
só sabia que tinha chegado o fim.