18 de fev. de 2010

Ainda temo meus padrões
formas passionais de vida
a rima se perdeu num infinito de vozes
gritam loucas por liberdade
cada qual com sua sina
temo meus temores
me orgulho de meus gestos
tudo tão simétrico, tão reto
até os erros são pré medidos
centrados, pura análise
as fugas são pré vistas
fuga da alma, fica o corpo
só pra ter um rosto.
Maça vermelha reluzente
hematomas espalhados pelo corpo
tua boca marca minha pele
como água em papel
paranóias da tua mente
são roxos contrastando com o bege
vermelho pulsante das veias
tentar, nada impede
amanhã a dor virá
é certo.
A raposa vermelha da ponta da cauda branca
comeu meus filhos todos
destruiu minha aldeia
povoou meus sonhos
e tomou meu coração
agora á sigo por todas as florestas
na esperança de encontrar os que se foram nas tuas entranhas malditas
quero seu couro como proteção no inverno
seus dentes como pentes
seus olhos como brincos
e sua cauda como colar
adornos á parte
sua carne saciará minha fome
seu sangue minha sede
e sua morte minha dor.
À meia noite os sinos tocam
a terra treme
e a lua cheia brilha
teu uivo ao longe é tão encantador
faz-me sentir segura aqui em teu refúgio
meu lobo indomado
insaciável de amor
meu lobo de pelugem cinza e olhos vermelhos
só podia ser tua
só podia ser assim.

3 de fev. de 2010

Meu olhar se perde em sonhos
minha mão se perde em versos
tudo o que tenho é pouco
e não posso ter o que quero
minha voz se perde em promessas
coisas que não podem ser cumpridas
tento mais uma vez
depois desisto e me entrego ao incerto.
Abismos não me saem da cabeça
abismos, penhascos, cordas, incertezas
depreciando a razão
desfazendo os sorrisos
destruindo tudo o que há de bom
perdendo tudo o que é preciso.

2 de fev. de 2010

Abismos diferem-se de solidão
abismos são longos caminhos pro chão
chão duro, frio, sem nenhuma vida
onde habitam a tristeza e eu com minhas feridas
abismos são bons lugares pra se morar
vou me mudar pro meu
ninguém vai poder me tirar de lá
mas é meio difícil de conseguir se jogar
são tantas cordas que me amarram aqui em cima
não consigo desatar os nós
só consigo pensar em nós
deixo que as cordas me segurem
elas machucam, deixam marcas
mas não me mantenho só
não tenho mais forças
que elas rebentem
que eu caia no chão
ou é isso ou me enterro viva
pois ninguém mais pode possuir minha vida.