19 de nov. de 2010

5, 4, 3, 2, 1, pronto
o pano caiu
a cena acabou
as lágrimas derramadas nos bastidores o público não verá
o que acontecerá depois não importa mais á ninguém
porque a peça continua
é a vez dos outros mostrarem do que são capazes
fazer rir, chorar, espantar?
o público quer o resultado resultando em si
o processo não lhe importa
o sofrimento, nervosismo, suor, decadência
nada é visto de detráz das cochias
nada é sentido daquela energia
e se acaso alguém faltar
perdido na esquina mais próxima com uma garrafa de vinho vazia
o público não se importa
o público não verá
há sempre alguém para subtituir
há sempre alguém pronto para qualquer lugar tomar na cena, na peça, na vida
na sua vida.

5 de nov. de 2010

O Ônibus Escrito Fortuna

Quando o ônibus escrito fortuna apareceu na minha frente
eu não acreditei
era um daqueles Mercedes velhos
com os bancos estofados grudados de 2 em 2 lugares
não tinha a maquininha do TRI
e o cobrador era um velho amigo meu.
Quando o ônibus escrito fortuna apareceu na minha frente
eu sorri
era um dia daqueles bem quentes
o céu estava azul, com smiles amarelos
e eu sabia que iria pegar aquele ônibus
estava na parada certa, na hora certa
ele abriu a porta para mim
e eu entrei.
Quando o ônibus escrito fortuna apareceu na minha frente
eu acenei, com minhas duas mãos
afinal não é todo dia que se encontra um ônibus escrito fortuna
ele estava vazio
bem brande, espaçoso
das janelas entrava uma brisa que mexia em meus cabelos
era tão bom viajar nele
por mais que eu não soubésse qual era o destino certo
não conhecia nenhum lugar chamado fortuna
mas agora eu conheço
volto sempre lá, e me lembro
de quando o ônibus escrito fortuna apareceu na minha frente.