26 de mai. de 2010

A rainha olhou para mim
disse que eu tinha verdade
me convidou para o chá
perguntou do meu lugar
me deu a mão e me guiou
era verde grande e forte
o arbusto que trepava no muro
pelo visto, era nele que estava
me embrenhei
me machuquei
enfim achei
ela não ouviu e se foi
era bom ficar ali
quieta adormeci
antão a noite chegou
se apagaram as luzes
mas o luar iluminou
encontrei a saída
andei rodeada de árvores
até que avistei o grande portão de ferro
escalei, saí
e nunca mais voltei lá.
Voando no céu azul
cruzou meu horizonte
pousou na antena torta
era preto como a noite
trazia paz o seu piar
desceu de encontro a janela
por pouco não bateu nela
parecia saber que eu ô estava a observar
deu mais algumas voltas
voltou para a antena torta
depois dali não ô vi mais.

25 de mai. de 2010

I just don't know what to do with myself

Ainda penso nele
ainda sonho com ele, até mais do que antes
ainda tenho saudades
queria que ele soubésse disso
não que eu queira voltar
não sei bem o que quero agora
mas sou orgulhosa
queria que ele soubésse que é mentira
que não traí ele
que nunca traí ninguém
até hoje me pergunto porque inventaram isso
não me admiro dele ter acreditado
agi mal no começo de tudo
tolamente me deixei levar
e se não fosse como sou
bem que poderia ter feito
mas não fiz
e isso me chateia muito
ele pensar, acreditar que eu fiz
e nem me defendi
estava cansada de lutar deste lado
ele disse e eu acreditei
lutei, briguei, aguentei firme
pensando no futuro
planejando coisas que acreditei serem possíveis ao seu lado
tudo em vão.

Quinta ponta
sexto selo
tua sombra
meu inverso
dobra a noite
faz lembrar
do teu sabor
com luar.

23 de mai. de 2010

Rubro negro sonho eterno
cores soltas pintam versos
que nos fazem reviver
rubro líquido viscoso
rubra face atingida
rubra vida escancarada
negro gesto verdadeiro
negro seio que alimenta
negro meio que frequenta
rubro negro encantador.
Ela caiu em sono profundo
descobriu um novo mundo
e decidiu nele ficar.
Nele seus sonhos eram reais
seus heróis imortais
e suas paixões fatais.
Nele ela descobriu todas as verdades
não existiam as maldades
e todos se davam bem.
Alguns ô chamaram utopia
mas é possível, ela dizia
viver num mundo de sonhos reais.
A falta daquele ombro
daqueles gestos
daquelas costas
daquele amor
daquele ardor
daquele sonho
daquela ilusão
faz estacar,
amedrontar
olhar pra frente
e não mais se ver
fiquei no sonho
não mais existo
isto aqui é corpo
á definhar.
A covardia de viver
e a covardia de morrer
o medo que consome as entranhas
que te deixa tonto e te faz delirar.
Solidão estranha a desta noite
solidão que acolhe, aconchega e faz dormir
que faz os sonhos compensarem o dia
e a vida compensar a morte.
Quando ela ameaçou ir embora
trancaram a porta
riram dela e não acreditaram
que ela seria capaz de pular da janela
ela pulou de cabeça
mas não queria morrer
só queria ir embora
deu um giro no ar
e caiu de costas
á princípio não conseguiu se mover
impediu que chamassem o socorro
levantou-se vagarosamente
e foi atuar naquela Noite de Luz.
Ele decidiu-se
deixaria que decidissem por ele
sentou-se na cama
e esperou a morte chegar
ameaçou se matar
mas não tinha coragem para tanto
vegetou com todos á sua volta
fingiu não ver que também sofriam
quando finalmente quis levantar
não tinha mais forças
era muita terra sobre o seu corpo
e estava em uma caixinha de madeira pregada.