29 de abr. de 2010

Final de O Primo Basílio de Eça de Queiróz

(Juliana xingado Luísa)
Juliana: E a senhora agora é andar-me direita, senão eu lhas cantarei!
(Luísa chorando, Sebastião chega para visitar Luísa (din don) Juliana atende)
Juliana: Sim?
Sebastião: A Sra.D.Luísa está?
Juliana: na sala (rabugenta sai)
Sebastião entrando e vendo Luísa naquele estado (espantado): Mas o que se passa?
Luísa desesperada: Sebastião, escrevi uma carta a um homem, a Juliana apanhou-ma. Estou perdida!
Sebastião (confuso e assustado): Que é? Que é?
Luísa: Escrevi a meu primo, a mulher apanhou-me a carta... uma vergonha!
Sebastião (corajoso, enchendo o peito): Não se aflinja! Tudo o que puder, tudo o que for necessário, aqui me tem!
Luísa (aliviada): Oh Sebastião!
Sebastião: É necessário tirar-lhes as cartas. Eu vou me entender com ela... É necessário que ela esteja só em casa... (plim, tem uma idéia) Podiam ir ao teatro esta noite!
Luísa (se alegra): Sim, ao teatro!
Sebastião (convicto): Vais-te arrumar, manda em recado a Jorge que vá direto ao teatro e lá te encontre. Que com a bêbada me entendo!
(Luísa sai apressada e feliz. Sebastião fica. Juliana entra)
Sebastião (brabo): Dê cá as cartas que roubou á senhora!
(Juliana se esquiva assustada e põe a mão no peito onde estão as cartas)
Sebastião: Dê as cartas, ou pra enxovia! Pra cadeia!
Juliana (assustada): Mas o que eu fiz?
Sebastião: Roubou as cartas!
(Juliana entrega as cartas tremendo e xingando de tudo que é coisa a Luísa)
Sebastião: Cale-se!
(Juliana cai estatelada no chão morta. Sebastião chama Julião por um moleque de recados)
Sebastião: Oh Julião, veja cá o que se sucede: passava por aqui, vi as luzes ligadas e pensei em fazer uma visita, quando entrei á vi estendida assim no chão.
Julião (olhando Juliana): Foi o aneurisma que rebentou.
(Jorge e Luísa chegam, se espantam)
Jorge: Juliana morreu?
Julião: Sim, que descanse em paz...
(Sebastião e Julião levam o corpo)
Luísa: Sinto-me tonta, preciso me deitar.
Jorge (põe a mão na testa dela e se assusta): Está ardendo em febre, vais-te deitar!
(Luísa deita. Jorge chama Julião e Sebastião)
Julião (examinando Luísa, brincalhão): É uma frebrezita nervosa. Quer sossego, não vale nada. Foi o medozinho hein?
(chega o carteiro e entrega uma carta ao Jorge)
Jorge (examinando a carta): É para a Luísa... vem da França... de quem será?
(abre, lê e se espanta, arregala os olhos)
Jorge para Sebastião: Lê isto.
(Sebastião lê tremendo)
Jorge (alterado): Sebastião, isto pra mim é morte. Sebastião, tu sabes alguma coisa. Tu vinhas aqui. Tu sabes. Dize-me a verdade!
Sebastião (recuando): Que te hei de dizer? Não sei nada!
Jorge: Me diz-me ao menos o que fazia ela enquanto eu estava fora! Saía? Vinha aqui alguém?
Sebastião (devagar olhando pra longe):Vinha o primo ás vezes, ao princípio. Quando D.Felicidade esteve doente, ela ia vê-la... O primo depois partiu... Não sei mais nada.
(Jorge vai falar com Luísa)
Jorge (mais calmo, agora triste): Como estás?
Luísa (gemendo): Mal, me sino muito mal, me dói a cabeça...
(Jorge começa a chorar)
Luísa: Que é isto? Que tens?
(Jorge entrega a carta de Basílio á ela)
Luísa (apavorada): O que é?
(Luísa lê, suspira e morre)
Jorge (apavorado): Luísa! Ouve, fala!
(Julião chega e afasta Jorge)
Julião: Está morta!
Jorge (sofrendo): Não! Não! Que eu fiz?
Sebastião: Vamos para minha casa.
(Julião, Jorge e Sebastião levam o corpo de Luísa)
-Pouco tempo depois.
(Basílio chega, bate e ninguém atende. Julião passa e Basíio o intercepta)
Basílio: Os senhores que ali moram, estão para fora?
Julião (triste): Já não moram. Osenhor não sabe?
Basílio: Não. O que homem de Deus?
Julião: Pois sinto dizer-lhe. A senhora morreu.
(Julião passa e Basílio abaixa a cabeça, mas logo depois levanta com cara de desdém)
Basílio: Que ferro! Podia ter trazido a Alphonsine!

Nenhum comentário:

Postar um comentário